segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

A Pílula do Sentir






Rita Daniela Bruni Nunes



Sinto demais. Sinto quando perco alguém, mas não sinto como outros: acho que sinto mais. Dói tanto que chego a ficar sem ar. Queria que existisse uma pílula, a pílula do “não sentir”.

Seria mais ou menos assim: quando um namorado brigasse comigo, imediatamente eu tomaria uma pílula e seria como se nada tivesse ocorrido! É claro que isso eliminaria também os crescimentos gerados pela dor do porquê estaria sofrendo. Poderia achar que eu sempre estaria certa e que os outros estariam apenas me injustiçando (também conhecido como ‘paranóia’); poderia pensar que qualquer sentir já seria demais e, quanto mais sentir, mais pílulas para aplacar o turbilhão dos sentidos.

Ainda assim, os ganhos seriam especiais: sofrimentos reduzidos ou retirados; o medo de relacionar-me profundamente com as pessoas sumiria, afinal, se doesse, ou melhor, quando doesse, pegaríamos a pilulazinha e tchannn!

Infelizmente ou não, ela ainda não existe. Ou será que existe e nem percebemos? Ela estaria presente quando as relações líquidas dos tempos atuais acabam e nem acabam conosco, já que estamos cada vez mais “preparados”, ou frios, impacientes, desiludidos e cansados, para enfrentarmos as tais situações de discussão que poderiam nos gerar o crescimento e o amadurecimento inter-relacional.

Pílulas do futuro ou só nossa imaginação, sentir ou não sentir; talvez ainda tenhamos essa escolha, e suas conseqüências.

Um comentário:

Giuliana Bruni disse...

Seria perfeito.Mas toda dor vem para nosso amadurecimento e evolução. Portanto acredito q nao inventarão tao cedo essa nova formula do 'nao sofrer, nao sentir!"

beijoos Ritaa