sexta-feira, 25 de abril de 2008

DESAPEGO


Vim aprender essa lição
Para tantos, deveras fácil
Para mim,
tortura.
Comentam que o crescer tem diversos obstáculos
Digo que obstáculos é o partir,
O seguir...
Assim, necessito:
(e em frente com isso...)
Deixar-te.

terça-feira, 22 de abril de 2008

"DILEMÍSSIMO"




Amar ou não amar?
Eis que me pego aqui novamente
E no mesmíssimo dilema...
Fechar-me, arriscar-me, fluir de amor!

Cair, esborrachar-me,
Maltratada da mulher!

Medo (silêncio)


Sou como você
E não devo desistir
Canta Frank...
“Let’s fall in love, why shouldn't we?”...


11/4/08- Foto by Rafael Palmeiro

ADOÇÃO POR HOMOSSEXUAIS: VISÃO DA EQUIPE TÉCNICA (meu trabalho de conclusão de curso resumido)

Elaborado em 2001

AS MENTIRAS QUE ELES CONTAM


Rita Daniela Bruni Nunes

Sei que existe um livro com esse título, “As mentiras que os homens contam”, do L. Fernando Veríssimo, mas ainda não li todo. Tem um outro que é também sobre as mentiras dos homens e do porquê nós mulheres acreditamos. Espiei. Acho que funciono assim: confio na minha primeira impressão e não gosto de saber antecedentes. Não leio triagens antes de atender pacientes novos na clínica na qual trabalho. E é muito interessante o que a gente pode fazer com essas primeiras impressões...mas isso já é outro assunto.
Não sei por que os homens mentem. Talvez a gente minta também, no entanto, acredito que, mesmo assim, seja bem menos. Não sei, não sei... Acho simplesmente que eles não sabem escolher, têm que ter todas as mulheres, então não dizem ‘não’ pra nenhuma, sei lá eu. Não em vários sentidos: não querem limites, não querem desagradar, não abrem mão da ilusão primitiva de espalhar seus genes (pra não dizer espermatozóides) infinitamente, não dão limites (principalmente àquelas amiguinhas chatas que insistem, deixam amorosos recados no orkut, mandam emails engraçadinhos ou telefonemas fora de hora...).
E quem ensina isso pra eles, meu Deus??? Se é que isso é aprendido...ou seria uma transmissão genética? Aspectos transgeracionalmente passados da pré-história até hoje? Medo de encarar um conflito “bem agora?”, já que DRs- discussões de relacionamento- costumam ser trabalhosas. Muitas perguntas, poucas respostas -e eles seguem mentindo.
O Luís Fernando defende que eles mentem para nos proteger... O que até consigo entender, fazendo um esforço, claro. Proteger da verdade nua e crua? Uma certa repressão é necessária, porém não all the time!!
Mentem que gostam. Que gostam mais do que realmente sentem. Mentem que está tudo bem, que tu não estás gorda e que o vestido que estás usando neste momento é o melhor, até porque vocês estão atrasados... Nessas horas eu adoraria ser lésbica! “Amor, meu vestido tá bonitinho?”, ao que eu poderia ouvir de minha hipotética mulher “Sim, está muito bem, uma gata!...” ou “Não, ele está amassado e justo demais, e essa cor não combina contigo!”. Sei que chegaríamos atrasadas com maior freqüência. Ah, enfim. Não dói tanto quanto vocês pensam, meninos! Sabem, Ela, a Verdade... Ou, pelo menos, a Sinceridade. Uma dose mínima delas junto com a Espontaneidade e...Pronto! Minha impressão é a de que vocês seriam quase perfeitos.

10/07/2006

POEMA DA MADRUGADA


Quero que tu saibas que eu sei
Nossa conexão é essa mesma
Nem mais, nem menos
Ela simplesmente existe
E é tão real
Como nós dois podemos ser.





06/12/06

Sinto


05/01/00




Sinto
Portanto existo
Portanto amo
E sofro
Sinto
de longe
tamanho sentimento teu
de confusão
Sinto
devo afastar-me
portanto sofro
em deixar-te
porque
amo-te, de longe
Sinto
tristeza e saudade...

SAUDADES

A saudade que bate fora de hora
Oras, não deverias estar em mim
Se não passar (essa vontade de te ver)
Vou gritar, vou chorar
Vou atrás de você...
Virás para mim?

(madrugada de 18/7/06)

Poesia Andarilha


Se não for para ser que seja
(Que seja) do jeito que as estrelas traçaram
Arrisco temperar um pouco mais, aqui e ali
Ouso jogar mais sal e pimenta
Indigesto e mais difícil, meu organismo ainda precisa desse alimento;

Que se for para ser que seja
Que venha
Que eu sinta

Arriscado já está
Os astros já o sabem
Dos rastros do amor
Que só a Deus cabem

A mim resta sentir
Dor, paixão, ardor e rancor
As apostas ainda estão sendo feitas
Que vença o melhor tempero- e o que menos mal me fizer...
Existirá?
Que assim seja.
Que as vontades divinas ajudem
E que eu sobreviva quase ilesa.
(Não existirá...)
Tola!
Viver é uma luta após a outra.
Sigas
e terás tuas respostas.

Rita Daniela Bruni Nunes, 23/05/2007, 1:20 am

Breve comparação entre os pensamentos de Holanda, Freyre e Cunha em relação às origens brasileiras

Breve comparação entre os pensamentos de Holanda, Freyre e Cunha em relação às origens
brasileiras




Em relação à cultura ibérica e da adaptação ao Brasil, Holanda acreditava que essa (a cultura ibérica) era justamente a razão pelo atraso do nosso país, já que tanto espanhóis quanto portugueses eram aventureiros, não “paravam” na terra, não “plantavam para colher”. Eram povos individualistas.
Freyre (Freyre, 1963) era incentivador em relação à miscigenação das três raças , acreditava que da mistura iria sair um povo mais completo, melhor. Os portugueses até assimilaram hábitos novos, se adaptando razoavelmente bem, até mesmo na alimentação e em relação às mulheres mulatas (a sensualidade da mulher negra ajudou na mistura de raças). Já Cunha acreditava que a miscigenação traria problemas, já que mesmo ele achando o sertanejo (índio com branco dos sertões) uma mistura que seria forte, um homem mais forte fisicamente, Cunha dizia que a raça branca era a raça desenvolvida, mais evoluída, e que a mistura seria um retrocesso, pois o mestiço sairia mais frágil e submisso.
Cunha acreditava que a “preguiça” do negro, do mestiço, era herdada também geneticamente e que o brasileiro na tinha um tipo antropológico (Cunha, 2002, p. 92). Contudo, Freyre acreditava que a mistura era boa para o país e que havia dado certo tal miscigenação, o que resgatou um certo orgulho à identidade brasileira. Freyre também retirou a idéia de que seríamos um país atrasado por causa das razões biológicas e hereditárias (Holanda achava que éramos como os ibéricos –aventureiros). Cunha afirmava também que o clima e a posição geográfica influenciava muito no atraso ou desenvolvimento do povo, porém Freyre acreditava que os portugueses havia obtido sucesso em sua adaptação ao clima tropical, já que Portugal não era tão frio quanto outros países europeus.
Holanda dizia que a culpa por nosso atraso também seria de Portugal porque nossos antepassados portugueses não teriam nos deixado uma “moral de trabalho”, sendo por essa razão que o povo brasileiro não seria um povo confiável em relação à regras e isso nos atrapalharia , até então, na nossa necessidade em nos desenvolvermos enquanto povo brasileiro. Daí viria a nossa aversão à princípios rígidos, acomodando nossas situações e necessidades tal qual demonstra o “homem cordial” (Holanda, 1978).

(PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL, DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS, cadeira de LEITURAS SOCIOLÓGICAS DE BRASIL, maio de 2002)

Está chegando a hora do bebê ficar mais longe da mãe ... e agora?

Está chegando a hora do bebê ficar mais longe da mãe ... e agora?

RitaDaniela Bruni Nunes*

Aí está o bebê: sendo amamentado e cuidado com todo carinho pelos pais- principalmente pela mãe. Com a entrada da mulher no campo de trabalho, cada vez mais é uma minoria de mães que pode estar a maior parte do tempo com seus pequeninos, o que era considerado o ideal . E então, como prosseguir frente aos novos tempos?
Podemos pensar que há mães muito diferentes. Mães que são profissionais mas que gostam de cuidar elas mesmas de seus filhos, mães que não querem deixar de trabalhar nem nos primeiros meses, mães que não conseguem desgrudar de seus filhos, mães que poderiam ter uma babá mas não querem, mães que gostam de ser mães e mães que odeiam ser mães, ou por momentos ou a maior parte do tempo. O que podemos deixar bem claro é que cada mãe é única e que não há uma receita de bolo de “como ser a mãe ideal”. Toda situação depende de cada família, de cada bebê.
Quando chega o momento da mãe (ou sua substituta- vó, tia) voltar a trabalhar, por exemplo, podemos refletir como cada família pensa fazer para se reestrurar em relação às formas de cuidar desse bebê. Sabemos que este é um momento delicado e fundamental tanto da vida do bebê quanto da mãe, que está ( e precisa estar) identificada com seu filhote, até para saber que choro é o quê, ou se aquele olhar é de carinho ou de brabeza, isto é, para poder compreender seu filho.
Um primeiro aspecto a ser levado em consideração é que a família veja como se sente mais segura: se é deixando o filho numa creche, ou com uma cuidadora (babá), ou com um parente próximo que esteja com vontade de cuidar dessa criança, enfim, o importante é que a família acredite que a criança ficará bem nesse lugar e com a pessoa escolhida. Alguns visitam a creche, outros entrevistam babás, vêem a disponibilidade e conversam com as avós, ou vizinhas, ou tias. Não devemos descuidar das condições do lugar ou da pessoa que irão cuidar dos nossos fihos. É claro também que as condições ideais que os pais esperam nunca serão perfeitas para muitos, entretanto, de novo: o “perfeito” é que a família esteja tranqüila para escolher a solução do que está achando melhor para aquele bebê, naquele momento.
Uma mãe insatisfeita por não estar podendo voltar a trabalhar por causa dos cuidados dispensados ao seu filho não é uma mãe feliz e, assim, não está sendo uma boa mãe se deixa de fazer muitas coisas que lhe agrada para ficar com seu bebê somente para não se sentir culpada.Ela pode limpar, alimentar, mas não estar fazendo trocas afetivas com ele, o que é essencial para o desenvolvimento do bebezinho. Se essa mãe ficasse mais satisfeita trabalhando um turno fora, provavelmente ela passaria esse bem-estar ao estar com seu bebê. Cada mãe tem uma necessidade maior ou menor de estar com seu filho e seus sentimentos bons e ruins em relação à eles fazem parte do funcionamento normal das mães e, muitas vezes, não significa que elas ou apenas amem ou odeiem seus filhos.
Por outro lado, não podemos nos esquecer que o cuidado e o carinho dispensado pelas mães é essencial para a saúde física e psíquica dos seus filhos. Alguns autores sugerem que as mães deveriam cuidar de seus filhos até os 3 anos e só depois é que as crianças poderiam ir para as creches. Hoje já ouros estudos sobre o tema que discordam disso. Nossa realidade também é outra, já que se as mulheres não voltarem em alguns meses aos seus empregos, há a possibilidade de ficarem sem eles. E isso, em geral, não parece ser um fator positivo dentro das famílias e ou para elas mesmas.
Outros dizem que se a hora da mãe se separar mais da criança chegou, deve-se pensar em fazer isso até os 7 meses ou após ter feito 1 ano e meio. Porém, a idade em si não é tão relevante como realmente aquilo que vem sendo dito aqui desde o início: se a família estiver tranqüila quanto à decisão, a criança provavelmente estará em melhores condições emocionais de se adaptar ao seu novo ambiente e ou às novas pessoas –que não serão sua mãe- mas que estarão ali com ela, bem como os pais estarão mais seguros enquanto fazem suas atividades. E se criança tem a possibilidade de se desgrudar aos poucos da mãe (e a mãe dela), isso facilita no processo social da sua vida: ela pode estar perdendo a mãe antes “exclusiva” dela, porém ganhando um outro mundo com outras pessoas e esse é o primeiro passo em direção à sua vida própria, afinal, ela começará a traçar mais fundo uma estória diferente da estória da mãe a partir deste momento.

*Publicado como Parte I e Parte II (em duas edições) do Jornal Destaque de Esteio, julho de 2003.

Comentário crítico sobre o artigo "Adolescência e paternidade: um duelo de papéis sociais" ,de Carlos E. Gomes Nunes

(Foto by Rafael Palmeiro)
Quando fiz a releitura do artigo do colega (NUNES, Carlos Eduardo Gomes. Adolescência e paternidade: um duelo de papéis sociais. In: Psico, v. 29, n. 1, p.125-138, 1998) , pensei em tecer alguns comentários que compartilharei aqui com vocês.É um artigo que não levou em conta muitas variáveis, como por exemplo o nível sócio-econômico-cultural, idades e número de filhos dos sujeitos, porém pareceu-me que, mesmo com pequena amostra -é qualitativo- não deixou de ser um estudo exploratório de valor.
O fato de um adolescente virar pai por si só já é polêmico e geralmente é uma situação complicada. Isso porque quando um adolescente se torna pai, ele está pulando ou adiantando uma etapa de seu desenvolvimento no qual ele deveria estar se experimentando como se fosse um adulto, mas podendo voltar a ser criança quando assim desejasse.
Acontece que, tanto meninos quanto meninas, muitas vezes se atrapalham com o turbilhão de sentimentos, conhecimentos, curiosidades que estão percebendo e adquirindo em relação a como se relacionar com um outro. Acabam algumas vezes por seguir seus impulsos sexuais, quando não sabem como se proteger de doenças sexualmente transmissíveis e gravidez indesejada ou até sabem, mas não foi bem introjetado ou têm pouca prática no uso dos contraceptivos.A sociedade tem muito a ver com isso. Explico-me: antigamente, tudo era tabu, falar de sexo, principalmente entre as mulheres, era muito delicado. Quando aconteceu a revolução sexual, em meados dos anos 70 e a descoberta da pílula, muitos conceitos começaram a ser questionados, tais como o porquê da virgindade feminina se já se poderia separar o prazer da responsabilidade. Acontece que a sociedade mudou valores, porém não se preocupou com a orientação sexual dessas novas gerações e as conseqüências dessa mudança . A escola quer ainda que os pais falem disso em casa e os pais querem se livrar dessa tarefa, passando-a para a escola, pois viveram numa sociedade onde o assunto era raramente discutido; outras vezes o era antes do casamento e, ainda assim, em poucas famílias .
E há também o preconceito que são os adolescentes homens que devem se preocupar com métodos anticoncepcionais, já que se tem em mente que mulheres não têm sexualidade prazerosa ou não tomam a iniciativa sobre o transar ou não. Historicamente, mulheres são 'proibidas' de sentirem prazer; é “feio e pecaminoso”. Será que isso não é responsabilidade de ambos jovens e de seus pais também? Afinal, como já sabemos, os adolescentes têm pensamento onipotente, e acham que com eles nada vai acontecer, sendo esse pensamento normal nesta fase-podemos chamar de fase da VULNERABILIDADE.
Muitos pais de adolescentes não querem falar sobre isso pois percebem que seus filhos estão quase adultos e muitas vezes negam isso inconscientemente, pois o raciocínio lógico é que quando os filhos ficarem adultos, os pais, mais cedo ou mais tarde, morrerão. E isso pode ser difícil de ser enfrentado pelos pais ou mesmo pelos próprios filhos adolescentes.
Quando o pior acontece, isto é, essas meninas engravidam, o que fazer? A sociedade faz um papel de repressora dos impulsos desses meninos (os pais adolescentes), entretanto, esta mesma sociedade acaba representando os pais internos dos adolescentes, impondo um mínimo de limites e funções (superego internalizado) no que concerne ao seu dever enquanto que pais. E, como mostra o estudo, esses pais-adolescentes podem demorar a acreditar que aquele bebê é seu, mas com a tecnologia dos exames de dna ( e seu agora baixo preço), eles acabam por ‘digerir’ a informação e aceitar a função paterna algum tempo depois da mãe, em geral, pois a mãe sente e enxerga sua barriga todo dia; já o pai pode enxergar menos e sentir menos o seu bebê, pois ele não está dentro do seu corpo e,assim, a negação torna-se mais facilitada.
Quais são as conseqüências de ser pai tão cedo? Pouco se fala nos pais, fala-se mais sobre as mães. Até nisto os pais levam menos destaque ( e é claro que a função paterna tem menor importância nos primeiros tempos comparada à da materna). Se pudermos pensar sobre que acontece quando esses sujeitos não vivem sua adolescência plenamente, aparece que os relacionamentos entre o pai e a mãe adolescente ficam mais conflituados, precisam ser mais responsáveis, abrindo mão de festas ou sentindo-se culpados quando experimentam novos relacionamentos: “uma parte da vida é deixada para trás, que poderá ser (re) vivida em um outro momento posterior” (Nunes, p. 138) e isto pode significar que o adolescente possa vir a fazer coisas de adolescente quando tiver 30, 40 anos, o que pode ser uma situação complicada novamente, já que a sociedade cobra posturas adequadas com a etapa de vida de cada um e existe um tempo para cada fase.
Em relação ao suporte financeiro que este bebê precisará, a sociedade comanda a pressão começando pelos pais do adolescente ou da adolescente. A responsabilidade tem sido do menino, já que a menina está passando por mudanças corporais e a idéia de ser mãe cada vez mais presente ( sua barriga aumenta, estranha as novas sensações corporais, etc) e mesmo quando a menina trabalha fora, ela entrará em licença gestante. Portanto, o pai provavelmente começará com sua aceitação do papel de pai quando este aspecto também for cumprido (quando os pais do pai-adolescente ou da mãe-adolescente sustentam-os, tenderão a mandar na casa ou na educação do bebê também e dessa forma o papel de avós também não estará bem realizado. Naturalmente que, quando são combinações intra-familiares, por vezes vêm para auxiliar esses jovens, mas não podemos esquecer que mesmo que o período de auxílio -em qualquer nível- seja curto, há uma noção do tipo de relação que está se estabelecendo.
Devemos repensar qual é o papel desse pai-adolescente que talvez realmente tenha de assumir a responsabilidade sobre esta criança, assim como a mãe, porém também lembrarmos quais são os papéis atuais dessa sociedade que pune e não dá aberturas, bem como mais especificamente dos pais dos adolescentes, que devem estar preparados para poder atentar para o que se passa com eles. Infelizmente, os papéis sociais de pai e adolescente são pouco compatíveis e é difícil conciliá-los sem algum prejuízo, em alguma área.

Artigo escrito e apresentado para a cadeira de Desenvolvimento III, da FUMM, em 10/06/03)

EDUCAÇÃO E SEXUALIDADE (PALESTRA)

(Livrinhos que adoro para trabalhar da colega Cida Lopes)

(Palestra realizada por Fernanda dos Santos Oliveira e Rita Daniela Bruni Nunes no CAEPSY de Gravataí, em 2006)

“Este é um tema que envolve sentimentos e desejos e, portanto, não pode ser abordado só com explicações sobre o funcionamento do aparelho reprodutor e palestras médicas. A orientação sexual deve ser feita com afeto”. (Antônio Carlos Egypto, psicólogo, coordenador do Grupo de Trabalho e pesquisa em Orientação Sexual (GTPOS) em São Paulo)



SEXUALIDADE NA INFÂNCIA

Um dos maiores legados deixados por Freud diz respeito à descoberta da sexualidade na infância. Sem querer entrar em uma discussão quanto à origem desta, porém segundo uma linha psicanalítica, fixemo-nos apenas na sua influência sobre desenvolvimento psíquico e social do indivíduo.Tordjman (apud Charbonneau,1979, pg 226) refere que “(...)o primeiro olhar da criança dirige-se para o meio familial. Nesses primeiros anos, de importância capital, a criança aprende a dar e a receber, a amar e a odiar”.

Pensamos na relação mãe-filho como primeira fonte da sexualidade, pois a mãe é o primeiro sujeito com que a criança se depara na vida, sendo sua fonte provedora inicial. A família constitui assim o início de todo o processo de socialização pelo qual passa o sujeito. De outra parte, o contato posterior que o indivíduo fará com os diversos grupos sociais, incluindo, então, a comunidade escolar e a sociedade como um todo, farão parte desse processo de educação sexual.

Jerusalinky diz que, “para que a criança tenha interesse pelo mundo, é necessário que ela mesma seja desejada por outro. Somente assim a contato com objetos e pessoas poderá ser psiquicamente prazeroso, desbordando o campo puramente biológico (1988, p.90)”. O autor faz, então, referência à identificação da criança com os pais gozozos de ter um filho como uma promessa à realização sexual futura.


Desde bebês sentimos prazer em tocar o próprio corpo e descobrir as diferentes sensações que ele nos proporciona. Fingir que as crianças não passam por esse processo é negar a realidade. O sexo é a parte da vida das pessoas (aliás, uma parte importante e muito boa) e é por essa razão que a escola e a família devem ajudar a construir nos pequenos uma visão sem mitos nem preconceitos.
Descobrir o corpo e como ele pode dar prazer (o corpo erótico) faz parte do desenvolvimento da criança. Ao perceber a sensação gostosa que o toque provoca, ela vai querer repetir o ato.
Para comprovar a presença das dúvidas sobre sexualidade desde a infância, eis exemplos de perguntas que recebemos através da Técnica da Caixa de Perguntas, durante uma oficina realizada em escola pública de Porto Alegre, com alunos de 5ª e 6ª séries:
As perguntas abordaram:

• que idade se está pronto para fazer sexo (houveram respostas de 14 à 40 anos!);
• diferenças de se estar preparado de “corpo e de mente”;
• questões ligadas ao respeito, ao prazer, à vontade ou não de ambos fazerem sexo: “se um dos dois não quiser, daí não dá, porque daí se a guria não quiser, ela não vai ter prazer e o cara também não porque daí ele também não vai ter prazer sozinho, né?”;
• sobre os “quatro tipos de sexo”: anal, vaginal, oral e masturbação: anal eles não sabiam o que era; oral houve uma resposta “Eu sei...é quando se fala com a boca...”; vaginal todos pareciam saber e o estagiário ressaltou “É só nesse que nascem os bebês”; quando abordaram a masturbação houve risadinhas e barulho na sala, alguns diziam saber, outros não; esta pergunta a menina que havia ficado de responder ficou muito envergonhada e então, depois de várias insistidas, passou-se para outra rodada.
• masturbação:uma menina trouxe respostas de senso comum próprias da comunidade: “eu sei...mas não vou falar...tá, é ‘consolo de viúvo’, nisso o estagiário escreveu a definição dela de masturbação e explanou mais à respeito;
• homossexualidade: foi-se perguntado o que era, o que eles achavam. Vieram respostas tipo: “gay, lésbica, puto, machorra, sapatona, bicha, viado...” e no quesito opinião sobre homossexualidade, uma menina, com vários colegas apoiando, falou: “ ah, normal...se eles querem ser assim...”

Se cada um observar a manifestação da sexualidade e as dúvidas sobre esta nas crianças com as quais tem contato, comprovará empiricamente (através da própria experiência) a existência desta manifestação.

SEXUALIDADE NA ADOLESCÊNCIA
Pessoas desinformadas podem sofrer as conseqüências de sua ignorância (desconhecimento de coisas importantes para sua vida). A desinformação freqüentemente aumenta a vulnerabilidade ao RISCO (de gravidez precoce, DSTs, uso indevido de drogas, etc).
Vamos conhecer melhor a fase da vida na qual estamos mais vulneráveis: a adolescência.
Existe uma diferença básica entre adolescência e puberdade.
A puberdade é caracterizada por mudanças fisiológicas.
Nos meninos há mudanças na voz até que fique mais grave; há o aparecimento de pêlos no corpo, principalmente os pubianos e nas axilas; o pomo de adão se manifesta; os ombros alargam; há um crescimento corporal acima da média, entre outras manifestações.
Nas meninas a puberdade se manifesta através da menstruação; aparecimento de pêlos pubianos e nas axilas; crescimento dos seios; formas mais arredondadas nos quadris e na cintura, entre outras coisas.
Há em ambos, aproximadamente nesta mesma fase, manifestações emocionais e comportamentais diferentes da infância. Estamos falando agora sobre a adolescência.
Para entendermos melhor esta fase do desenvolvimento humano, vamos dar uma olhada no que o autor Maurício Knobel (apud FERREIRA, 1995) fala sobre a “Síndrome Normal da Adolescência”.
Ele chama de “Síndrome” porque síndrome é um conjunto de sintomas. Chama “Normal” porque a adolescência é caracterizada por comportamentos típicos desta etapa da vida.
A adolescência se revela através da instabilidade emocional, alternando períodos de audácia e timidez, introversão e extroversão, desinteresse e urgência e, paralelamente, por conflitos afetivos, crises religiosas, ascetismo, homossexualidade ocasional e condutas dirigidas para a heterossexualidade. Este conjunto de sintomas foi definido por Knobel de “Síndrome Normal da Adolescência”.
As características dos sintomas da “Síndrome”, segundo este autor, são:
1. Busca de si mesmo e identidade
Ocorrem mudanças pulsionais a nível quantitativo; confusão; sentimento de despersonalização conseqüente das mudanças desta fase; aumento da ansiedade e da angústia; atuação no ambiente; utilização da projeção (projeta seus conflitos internos no meio externo. Ex.: brigas com pais e irmãos).
2. Tendência grupal
O grupo passa a assumir o papel de “regulador”; antes este papel era dos pais. Na busca da identidade, o adolescente desloca o sentimento de dependência dos pais para o grupo de companheiros, onde todos se identificam com cada um. Neste momento, o jovem pertence mais ao grupo de iguais do que à família. Revela a aceitação das regras do grupo em relação à vestimenta, moda, costumes e preferências de todos os tipos.
Pela atuação do grupo o jovem se opõe aos pais e consegue estabelecer uma identidade diferente do meio familiar. Transfere para o grupo grande parte da dependência que tinha da família. Deste modo, o grupo constitui o passo intermediário no mundo externo, para alcançar a individuação adulta. O grupo ajuda o indivíduo a enfrentar as dificuldades que consistem em deixar os atributos infantis e assumir as obrigações adultas, para as quais não está ainda preparado.
Quando os pais ainda desempenham um papel muito importante na vida do jovem e ele quer reafirmar sua independência, procura um líder no grupo, ao qual passa a submeter-se, ou então ele mesmo assume a liderança grupal para poder exercer o papel do pai ou da mãe.
Segundo Knobel, depois de passar pela experiência grupal, o indivíduo poderá começar a separar-se da turma e assumir a identidade adulta.
3. Necessidade de intelectualizar e fantasiar
A intelectualização e a fantasia entram nesta fase como mecanismos de defesa para evitar o sofrimento.
4. Crises religiosas
Oscila entre a busca da religiosidade e a aversão.
5. Deslocalização temporal
O passado representa aquilo que é conhecido, o mundo infantil; o presente está sendo construído, existem muitas incertezas; no futuro estão depositadas as dúvidas e expectativas. Presença da ambivalência (ora é criança, outrora é adulto). Regressões a serviço do Ego.
6. Evolução sexual
Fase de transição do auto-erotismo, narcisismo e masturbação para a heterossexualidade, relação com o outro e realização sexual plena.
7. Atividade social reivindicatória
Como na adolescência há uma revisão de valores (Superego), há uma abertura para o mundo, onde o sujeito se torna mais crítico e reivindica por mudanças.
8. Contradições nas manifestações da conduta
Ambivalência quanto a seus desejos.
9. Separação progressiva dos pais
Fase de elaboração do luto pelos pais da infância. “Boas imagens internalizadas dos pais facilitarão aos adolescentes o exercício da genitalidade adulta e a passagem à maturidade” (FERREIRA, 1995. p. 52).
10. Constantes flutuações de humor e do estado de ânimo
O processo de estabelecimento da identidade do adolescente é acompanhado por sentimentos de ansiedade e pressão. O adolescente busca dentro de si um refúgio para se preparar para a ação. Na tentativa de elaborar os lutos pela perda dos objetos da infância, o adolescente apresenta constantemente oscilações de humor. “Toda a instabilidade e flutuações de humor se devem ao fato de não haver base cenestésica e hormonal sólida para atitudes efetivas” (FERREIRA, 1995. P. 53).

EDUCAÇÃO PARA A SAÚDE
Dentre as características próprias da adolescência, algumas aumentam a probabilidade de exposição ao risco em variadas situações, como o despreparo para lidar com a sexualidade, onipotência, barreiras e preconceitos, necessidade de afirmação grupal, etc. Assim, as estratégias adotadas têm visado promover o desenvolvimento de habilidades específicas, facilitando a tomada de decisão e a resolução de problemas através, principalmente, da Educação para a Saúde.
A Educação para a Saúde se apresenta como uma área do conhecimento que pretende proporcionar mudanças de comportamentos e valores em relação à saúde, que possam ser capazes de promover, alcançar e manter um nível de saúde mais elevado, tanto em nível pessoal como coletivo. Ou seja, a Educação para a Saúde consiste em facilitar a aprendizagem de comportamentos que favoreçam a prevenção de problemas de saúde, como gravidez na adolescência, drogas, DSTs/AIDS, etc.
É nesse contexto que podem se inserir algumas práticas que atuem de forma preventiva, como por exemplo oficinas com adolescentes sobre sexualidade, planejamento familiar, prevenção de DST/AIDS e ao uso indevido de drogas.
É sempre válido lembrar que a informação é a melhor forma de prevenção, por isso o GAESH apóia e defende a inserção do tema sexualidade nas escolas, com programas de capacitação para educadores, pais e alunos.
Algumas escolas já incluíram um Programa de Educação Sexual a partir dos Temas Transversais.
O conteúdo curricular está disposto em dois grupos: áreas de conhecimento (Língua Portuguesa, História, Geografia, Matemática, Ciências Naturais, Arte, Educação Física e Língua Estrangeira) e os “temas transversais” que são: ética, saúde, cidadania, educação ambiental, orientação sexual e pluralidade cultural.
Os “temas transversais” dizem respeito a conteúdos de caráter social, que devem ser incluídos no currículo do ensino fundamental, não como área de conhecimento específica, mas como conteúdo a ser ministrado no interior das várias áreas estabelecidas multi-disciplinarmente, o que pressupõe, um conhecimento mínimo por parte do professor acerca do tema a ser inserido na disciplina que ministra, mesmo que essa não tenha tanta afinidade com o tema como outras disciplinas poderiam ter.


A IMPORTÃNCIA DA ORIENTAÇÃO SEXUAL
É importante esclarecer as dúvidas da maneira mais simples e sincera possível. Caso contrário, pode ser que as crianças cresçam mal informadas e apresentem dificuldades com sua sexualidade no futuro.
É importante diferenciar os conceitos de Orientação e Educação sexual. De acordo com o Guia de Orientação Sexual, publicação traduzida e adaptada por três ONGs (Organizações Não-Governamentais) a orientação sexual, "quando utilizada na área de educação, deriva do conceito pedagógico de Orientação Educacional, definindo-se como o processo de intervenção sistemática na área de sexualidade, realizado principalmente em escolas". Pressupõe o fornecimento de informações sobre sexualidade e a organização de um espaço de reflexões e questionamentos sobre postura, tabus, crenças e valores a respeito de relacionamentos e comportamentos sexuais. "A Orientação Sexual abrange o desenvolvimento sexual compreendido como: saúde reprodutiva, relações interpessoais, afetividade, imagem corporal, auto-estima e relações de gênero. Enfoca as dimensões fisiológicas, sociológicas, psicológicas e espirituais da sexualidade através do desenvolvimento das áreas cognitiva, afetiva e comportamental, incluindo as habilidades para a comunicação eficaz e a tomada responsável de decisões", explica o Guia.
É um processo formal e sistematizado que se propõe a preencher as lacunas de informação, erradicar tabus e preconceitos e abrir discussão sobre as emoções e valores que impedem o uso dos conhecimentos ( Suplicy et al, s.d., p.8)”. Desse modo, um trabalho de orientação sexual propicia uma visão mais ampla e profunda da sexualidade, possibilitando ao jovem um sentimento sexual mais maduro para fazer suas escolhas com base no amor, sem vergonha ou culpa, além de minimizar os riscos da gravidez indesejada e doenças.
Já a Educação Sexual, segundo o Guia, inclui todo o processo informal pelo qual aprendemos sobre a sexualidade ao longo da vida, "seja através da família, da religião, da comunidade, dos livros ou da mídia". Aponta Suplicy que a Educação sexual refere-se a esse processo informal em que todo indivíduo se encontra inserido. Dessa forma, desde a gravidez já se percebe uma função educativa mediante as expectativas dos pais com seu filho. Além disso, o contato cotidiano da criança com os pais, somado ao processo de socialização seguinte, à influência da mídia e dos grupos sociais, constituem a educação sexual, cujo processo é indefinido.

Tratar a respeito de temas tão árduos como gravidez na adolescência, dst’s e contracepção, por exemplo, podem ser tão angustiantes para um professor quanto para um aluno, podendo trazer efeitos perversos, ao invés do tema ser tratado com a devida naturalidade, o que causaria os tão esperados efeitos saudáveis.

Pais e educadores que têm maiores dificuldades e, responder às perguntas provavelmente apresentam um histórico de vida onde suas próprias curiosidades não foram saciadas.
Quando os pais ou educadores não correspondem ao saciamento da curiosidade dos jovens (crianças e adolescentes) eles vão buscar estas informações em outras fontes como livros, revistas, internet, enciclopédias, amigos da mesma idade, amigos adultos... Sendo assim, surge um ponto importante para reflexão: quando os jovens não obtêm respostas satisfatórias para questões como sexo ou drogas, por exemplo, e vão buscá-las fora de casa ou da escola, quem é que pode garantir a idoneidade destas informações, se elas são adequadas ou corretas?
Por isso se faz necessária a abertura de um espaço de discussão, utilizando o espaço das escolas e capacitando os professores para orientar os alunos e até mesmo os pais. Tudo depende da abertura das pessoas para o movimento do diálogo. Acreditem, isto pode ajudar a formar adultos felizes, saudáveis, responsáveis...

Explicações sobre o funcionamento do aparelho reprodutor
e palestras médicas
ORIENTAÇÃO SEXUAL
AFETO (pois o tema envolve sentimentos e desejos)


REFERÊNCIAS:
BEE, Helen. O Ciclo Vital. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.
CHAUÍ, Marilena. Ideologia e educação. In: Educação e sociedade. São Paulo, p. 24-40. Jan/1980
FERREIRA, Berta Weil. Cotidiano do adolescente. Rio de janeiro: Vozes, 1995.
GENTILE, P. Eles querem falar de Sexo. Revista Nova Escola - Educação sexual. São Paulo: Ed. Abril, ano XXI, n° 191. p.22-29. (ver se é assim que se faz referência de revista)
OLIVEIRA, F. S.; BALARDIN, G.U. O papel social do psicólogo na comunidade. Trabalho de Conclusão de Curso. Porto Alegre: PUCRS – Faculdade de Psicologia, 2001.
OSÓRIO, Luiz Carlos. Grupos - teorias e práticas: acessando a era da grupalidade. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.
SARRIERA, J. C. (org.). Psicologia comunitária: estudos atuais. Porto Alegre: Sulina, 2000.
ZIMERMAN, David & OSÓRIO, Luiz Carlos e cols. Como trabalhamos com grupos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.

Comentários sobre gênero e homossexualidade em Minha vida em cor-de-rosa


RESUMO DO FILME “MINHA VIDA EM COR-DE-ROSA”

Tema-Lei e Sexualidade

Filme: Minha Vida Em Cor de Rosa (Ma Vie en Rose, Bélgica /França 1997)
De: Alain Berliner , com Michelle Laroque, Helene Vicent , Jean Phillippe
Sinopse: Funcionário de classe média tem problemas: seu filho, Ludovic, aparece na primeira festa para os vizinhos vestido de mulher. O que parecia uma brincadeira torna-se um problema na família, no trabalho e com os vizinhos. Mas Ludovic, com ingenuidade de criança, confessa que quer ser menina.

COMENTÁRIOS INTEGRADOS Á TEORIA

Ludovic, o protagonista, tem dificuldade em diferenciar sua identidade de gênero. Tyson&Tyson (1993) conceituam identidade de gênero como “uma combinação psicológica que combina e integra a identidade pessoal e o sexo biológico, e para a qual as relações de objeto, os ideais do superego e as influências culturais fazem contribuições significativas (...) e inclui todas aquelas características que compõem cada combinação individual de masculinidade e feminilidade, determinadas por uma ampla ordem de fatores biológicos, psicológicos, sociais e culturais” . Quando percebe que não deve, que não pode ser menina,assim como desejaria, luta com os pais para poder ser aceito, porém não consegue modificar seu jeito “menino-menina” de ser.Ele tenta mas não consegue ser o que os pais resolvem que ele deve ser: masculino, afinal, sua identidade de gênero nuclear já está estabelecida. Stoller (apud Tyson&Tyson, 1993) afirma que “a identidade de gênero nuclear é o sentido mais primitivo, consciente e inconsciente de pertencer a um sexo e não a outro”.
Ludovic foi livremente ‘deixado’ a poder viver sua bissexualidade infantil que, sem a disponibilidade do objeto masculino (pai) para cumprir a função de objeto de identificação, Ludovic identifica-se com as mulheres que lhe dão atenção e que o amam, tanto que sua avó é a única a aceitá-lo quando todos se dão conta que ele é diferente dos outros meninos de sua idade e o ridicularizam. Segundo Tyson&Tyson (1993) a ridicularização ou a não-responsividade por parte dos pais significa, para o menino, que ele é inadequado e não corresponde a seu ideal de ego, o que pode inibir o florescer completo de seu complexo de Édipo. Ludovic não olha para seu pai como um modelo de identificação: ele continua olhando para sua mãe e avó, que são figuras fortes para ele. As mulheres daquela família são figuras fortes e como ele não consegue se desidentificar da mãe, seu sentindo de masculinidade não se firma ( o pai tenta fazer esse papel mas já é muito tarde no processo identificatório do filho). O protagonista não consegue fazer uma mudança na sua fantasia sobre o objeto e mudança de papel em relação ao objeto amado, que seria o movimento do menino para a fase Edípica; até porque ele tem como objeto amado o pai, não a mãe. A mãe seria seu objeto identificatório. O autor refere também que o pai deve ajudar a minimizar a precoce ansiedade de castração do menino e a estabilizar a identidade de gênero nuclear, bem como reduzir a influência de tendência engolfante da mãe (que seria o caso de Ludovic, completamente submerso no universo feminino).
Há duas tarefas que os meninos devem realizar durante a fase fálica narcisista: encontrar uma visão narcisicamente valorizada de seu corpo masculino e de seu sentido de masculinidade e deve assumir um papel de gênero masculino. Ludovic ‘falha’ nisso e aparecem seus desejos e fantasias transexuais : ele se sente num corpo errado. Dançar, levar a boneca para a aula e gostar de um menino são maneiras que Ludovic encontrou, em sua latência, de colocar em prática muitas formas de papéis que, no caso, são femininos como os de sua mãe.
Ludovic deseja seu pai, pois ele não consegue entrar no Édipo e fazer a sua identificação masculina e mostra sua escolha de par sexual por meninos aos 8 anos (pelo filho do chefe de seu pai). Isso desperta vergonha e raiva na família e na vizinhança em relação ao “menino-menina”. Ludovic não parece ter angústia de castração pois parece já se sentir castrado desde sempre. Green (apud Tyson&Tyson,1993) afirma que a orientação ao par sexual expressa a preferência de uma pessoa com respeito ao sexo do objeto amado escolhido e que essa orientação teria origem cedo na vida com as relações de objeto pré-edípicas e edípicas embora a escolha possa não ser firmemente estabelecida nem fonte de conflito até a adolescência (no caso aqui abordado, o conflito iniciou na latência por causa de fatores externos, pois Ludovic era egossintônico, assim como estava sua família antes).
Foi relatado na terapia de Ludovic que seus pais queriam muito uma menina quando nasceu esse filho, porém negam que tenham ficado chateados com o sexo do filho quando este nasceu. Tyson& Tyson (1993) comentam que os pais dão à criança uma variedade de mensagens verbais e não verbais que transmitem o significado do masculino ou feminino definido pela família. Sua mãe permite que ele tenha cabelos mais compridos que os irmãos. Parece que a mãe inconscientemente nunca desaprovou a identificação que Ludovic fez com ela, nem a avó. Ninguém nunca explica para o menino que ele não tem a escolha de ser menina, permitem que sua fantasia siga um curso contínuo. Isso aparece bem na cena em que ele conversa com sua irmã mais velha e conta que “perdeu o X”, mas a irmã não discute com ele nem lhe diz nem sim nem não, então Ludovic mantém sua fantasia de ter sido injustiçado por quem lhe fez. Sendo assim, ele não consegue fazer uma “categorização do self” já que não consegue perceber as diferenças em si mesmo em relação aos outros. (ver Tyson&Tyson, 1993, p.197).
Uma demonstração de “corte” e de insight dos pais (tardio) é quando sua mãe corta seu cabelo, fazendo uma tentativa de fazer o filho perceber-se masculino com todos aqueles cabelos femininos sendo cortados.( Creio que a mãe também estava fazendo uma tentativa de vê-lo de forma masculina). Isso provoca aumento da angústia do seu conflito sexual (antes egossintônico) e angústia de aniquilação no “menino-menina”, fazendo com que ele sinta-se completamente indesejado e anormal do jeito que é (pelos pais e irmãos e socialmente) e que só vestindo-se de menina numa festa de vizinhos é que é cobrado a ser diferente do que sempre foi. Ele chega a tentar acabar com a angústia e com a vergonha que seus pais sentiam dele tentando se congelar no freezer.
É identificado com o papel sexual feminino, buscando roupas de menina, usando a cueca virada como que se fosse outra coisa que não cueca, passando batom, dançando como a mãe e a avó, brincando com a Pam (boneca tipo a Barbie), fantasiando um casamento com o amigo, fantasiando seus sonhos de ser menina como a Pam, sendo que parecia que só a boneca e sua avó o compreendiam. Um aspecto importante que os autores realçam é que a identidade do papel de gênero inclui contribuições significativas a partir do comportamento aprendido e determinado culturalmente, mas principalmente este aspecto da representação do self é formado sobre as interações sutis entre os pais e a criança no nascimento. Essas interações são influenciadas por atitudes dos pais frente ao sexo biológico da criança e pelo sentido de self de cada um dos pais como masculino ou feminino e pelo estilo com que cada um interage com o outro.
Ele também faz xixi sentado, para mostrar ao suposto namorado ( e à ele mesmo) que também podia ser menina já que assim queria. Os autores relatam que quando o pai está ausente ou não está envolvido com a criança, o interesse do menino no funcionamento urinário é retardado de forma que o urinar de pé também o é, o que pode trazer uma insegurança na masculinidade, o que também foi o caso do protagonista Ludovic, já que seu pai estava sempre muito ocupado e não lhe dava atenção, deixava que a mãe o educasse. Quando foi descoberto o desvio do menino, o pai disse à mãe “ele é seu filho” , ao que a mãe responde que Ludo é filho dele também. Portanto, aí também aparece as dificuldades do casal, já que o pai aparece-lhe como figura fraca e o menino teme ser desvalorizado pela mãe se for como o pai.
.Ludovic não conseguiu se desidentificar da mãe e da avó e assumir uma identificação masculina. Tyson&Tyson (1993) colocam que o tema mais difícil para o sexo masculino é estabelecer um sentido de identidade de gênero seguro. As identificações do menino para com seu objeto de amor primário podem diminuir seu sentido de masculinidade de forma que ele deva desidentificar-se da mãe para formar um sentido do self masculino seguro.
Os pais, no final do filme, acalmam o filho dizendo-lhe que ele seria amado do jeito que fosse. Seria razoável desses pais notarem que eles tiveram responsabilidade pelas escolhas que Ludovic fez: uma mãe forte, um pai mais ausente. E que agora, mais que nunca, ele precisaria de pais que tivessem orgulho dele, que o libidinizassem um pouco, para que tivesse condições internas de desenvolver uma segurança e uma confiança maior nesta fase para a sua vida.


Homem com H - Ney Matogrosso
Tom: Bm
Intro: Em A7 D G C#m5-/7 F#7
Bm Em A7 D C#7 F#7 Bm

Bm
Nunca vi rastro de cobra
Em
Nem couro de lobisomem
Se correr o bicho pega
Bm
Se ficar o bicho come
Bm/A
Porque eu sou é home
Abº
Porque eu sou é home
F#7
Menino eu sou é home
Bm
Menino eu sou é home
A7 D F#7
Quando eu estava pra nascer
Bm Em
De vez em quando eu ouvia
Bm Em
Eu ouvia mãe dizer
Bm Em
Ai meu Deus como eu queria
Bm Em
Que essa cabra fosse home
Bm
Cabra macho pra danar
Em A7 D
Ah! Mamãe aqui estou eu
G C#m5-/7
Mamãe aqui estou eu
F#7 Bm
Sou homem com H
F#7
E como sou
Estribilho
A7 D F#7
Eu sou homem com H
Bm Em
E com H sou muito home
Bm Em
Se você quer duvidar
Bm Em
Olhe bem pelo meu nome
Bm Em
Já tô quase namorando
Bm
Namorando pra casar
Em A7 D
Ah! Maria diz que eu sou
G C#m5-7
Maria diz que eu sou
F#7 B
Sou homem com H
E como sou








Referências Bibliográficas e da Internet:


TYSON, R. TYSON, P. Teorias Psicanalíticas de Desenvolvimento: uma integração. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993, cap15.

http://www.escutaanalitica.com.br/cursos/cinedebate.htm Site com o resumo de alguns filmes, como o Minha Vida em Cor-de-Rosa

http://www.mvhp.com.br/ney.htm Site com as letras das músicas do cantor Ney Matogrosso

AO NOSSO ETERNO PROFESSOR MOSTARDEIRO

“Não explica demais”, disse-me durante uma supervisão. Tentarei ser breve e resumir uma relação especial de dupla. Sou pretensiosa em estar aqui? Sinto-me autorizada e já lhe dizia que ele lembrava meu avô, inteligente e debochado...

Na manhã da minha apresentação de caso, na reunião clínica dos sábados, estava tensa e angustiada sobre meu Estudo. Mas meu supervisor estava ali. Como um pai que investe e dá forças. Após o término da apresentação, elogiada e polêmica, sentindo-me enriquecida pela experiência, agradeci. Obrigada por ter me ensinado e ajudado, disse eu. “A gente só consegue ensinar quando o aluno está podendo aprender”, respondeu ele, com um sorriso de “não há de quê” que nunca mais esqueci.

Quase seis meses antes, quando toquei aquela campainha do seu consultório, já aluna, porém com muito medo de ser sua supervisionanda, não sabia o que me esperava. Não sabia ainda o valioso aprendizado que emergiria desta relação. O contato que amparava, sem perder a medida, ou o limite. Aquele professor que contava estórias, não só da Psicanálise, mas da fundação de Porto Alegre, das ruas da cidade, dos povos antigos, dos seus povos antigos, dos hábitos de Freud e Melanie, dos seus ancestrais, filhos, netos, secretárias e cachorros. A Dona Laura? Sua bisavó... Mostardeiro? Sobrenome adquirido após algum tempo, pelos irmãos Gonçalves, seus tios-avós, que ficaram conhecidos por venderem cobertores de Mostardas... aquela parte da cidade vislumbrada e desejada pelos seu bisavô quando chegava no porto da cidade? Bairro Moinhos de Vento...
Nunca mais esqueci uma série de coisas que vivi com ele (vivi, porque não só aprendi, e aprendizagem deve passar pelo afeto). “O mais importante é a relação que estabelecemos ali”, dizia.

Infelizmente, neste momento, a sua ausência aqui é imutável...

“Ensinar é um exercício de imortalidade,
de alguma forma continuamos
a viver naqueles cujos olhos
aprenderam a ver o mundo
pela magia da nossa palavra;
o professor, assim, não morre jamais” .
Rubem Alves


Com muita honra por sua atenção e dedicação, nunca morrerás naqueles que podes tocar...

Rita Daniela Bruni Nunes - aluna, supervisionanda, assistente e admiradora, de 2003 a 2006


“Vamos ter que ficar por aqui hoje...”

segunda-feira, 21 de abril de 2008

A Importância da Psicoterapia na Qualidade de Vida - DIDÁTICO

Rita Daniela Bruni Nunes*

Fala-se muito em psicoterapia, mas será que as pessoas acreditam mesmo nos muitos ganhos que ela pode gerar? De uma forma bem simples, vamos começar a saber do que estamos tratando aqui, pois por ‘terapia’ pode-se conceitualizar desde as mais antigas e tradicionais, como a psicanálise (de Sigmund Freud) até diversas outras, como as terapias alternativas, de florais, por exemplo.
Dentro dessas linhas mais tradicionais, podemos afirmar que psicoterapia é um tratamento, realizado por psicólogos e psiquiatras, no qual o paciente (ou seus pais, no caso de crianças e alguns adolescentes) procura ajuda profissional porque está passando por algum tipo de sofrimento. Através da escuta sobre a fala do paciente e com técnicas apropriadas, o terapeuta tenta trabalhar o porquê do seu sofrimento e como auxilia-lo a adaptar-se ou mudar posturas, atitudes, medos, enfim, coisas do seu estado emocional que lhe estão atrapalhando.
Há diversas abordagens ou linhas diferentes dentro das áreas “psis”. Há uma linha mais tradicional, a psicodinâmica (referencial psicanalítico), onde acredita-se que somente extrair o sintoma não é tudo, pois nos baseamos que exista um conflito inconsciente e que é lá que devemos tentar chegar para ajudarmos o paciente a entender o porquê do seu sofrimento e assim buscar o insight (ou o “dar-se conta”) sobre suas coisas. Há a cognitivo-comportamental, a transpessoal, a humanista... várias abordagens que visam o mesmo objetivo:auxiliar.
Um aspecto fundamental é a relação paciente-terapeuta: ambos precisam estar cientes de seus papéis e que cada um é parte importante do processo. O terapeuta não está sozinho ajudando o paciente: se um dos dois não colabora, o processo não anda. Por isso é importante que o paciente esteja motivado a se tratar. Algumas vezes um paciente não gosta de um terapeuta ou de sua linha teórica; quando há mesmo pouca afinidade , pode-se trocar o profissional, desde que isso não vire rotina, pois é até esperado que haja situações mais conturbadas entre os dois: faz parte do processo psicoterápico e é necessário algum sofrimento para obter mudanças internas.
Mas afinal, por que a psicoterapia pode melhorar a qualidade de vida das pessoas? E de que pessoas? Bom, ela não é um bate-papo qualquer. Os terapeutas (psicólogos ou psiquiatras) estudam muito e usam técnicas para ajudar o paciente a fazer suas próprias escolhas e retomar seu caminho. Por que conviver com um sofrimento que não se quer? Por que não viver conseguindo se permitir viver diferente, se como está, não se está legal??
Por outro lado, buscar ajuda quando se está precisando é algo difícil. A pessoa tem que se dar conta que não está conseguindo se administrar sozinha e que quer mudar. Este reconhecimento é o principal, porém, como é difícil admitir isso, muita gente que poderia estar vivendo melhor a sua vida não consegue definir e buscar os serviços especializados, ou vai uma ou duas vezes nas sessões e diz que já está bem. Isso acontece muito porque existe uma ambivalência dentro de nós: uma parte de nós quer mudar; a outra tem medo das mudanças porque elas são desconhecidas e prefere ficar do jeito que está a arriscar ficar melhor. A terapia demanda também um custo financeiro, mas principalmente uma disponibilidade interna da pessoa em ir ao consultório por algum tempo e falar de si mesmo_ o que nem sempre é um processo fácil.
Hoje se sabe dos benefícios e modificações que um tratamento pode realizar num indivíduo, o que vai contra os preconceitos que pessoas desatualizadas ainda mantém em relação ao assunto. Isso sim, acaba levando à loucura, à falta de alternativa na tentativa de melhorar a forma de viver a vida, o que leva à conformidade (“ eu sempre fui assim e não vou mudar mesmo”) e não há renovação na evolução da vida de cada uma dessas pessoas, fazendo com que o novo conceito não seja aceito, isto é, que procurar ajuda quando não se está bem é sinal, sim, é de SAÚDE, um investimento para si mesmo!
Terapia muitas vezes sai barato em relação a tudo que uma pessoa pode fazer quando está em sofrimento, mesmo que ela não se dê conta disso. Pode perder ou mesmo ter grandes dificuldades no emprego, família, relações sociais e amorosas, por causa de dificuldades que poderia ter superado se tivesse buscado mudar. Não podemos esquecer que somos nós os donos de nossas vidas, portanto, em geral, é nossa responsabilidade o que nos acontece ou deixa de acontecer e o que fazemos ou não. É difícil ver uma pessoa que não tenha, uma vez na vida, precisado de alguém para conversar, passado por uma perda importante, um divórcio, que não saiba lidar com a adolescência dos filhos em algum sentido, etc. Atualmente, em psicologia, falamos em prevenção. Então, uma pessoa pode sentir-se bem, sem nenhum sofrimento maior, porém pensar em procurar atendimento para entender algumas coisas que acontecem com ela e para se conhecer mais ou melhorar outros aspectos que acha que não estão 100%: talvez ela possa estar prevenindo um aspecto que ela não havia se dado conta que poderia estar piorando em sua vida ou realmente não haja indicação de uma psicoterapia. Em qualquer um dos casos, quem pode dar um diagnóstico ou uma opinião é o próprio especialista.
Por que muitas vezes uma pessoa paga uma consulta médica para tratar um rim, ou economiza para comprar bens materiais e está sempre reclamando do preço de um tratamento psicoterápico? É claro que temos nosso problemas sociais, no entanto, a resposta que mais acredito é que isto ainda não tem sido valorizado nem creditado do jeito que deveria. “Facilita-nos” se colocarmos no mundo as culpas das desgraças das nossas vidas ao invés de verdadeiramente pararmos e olharmos para dentro de nós. A “conversa” da psicoterapia tem um porquê, não é uma ‘bate-papo’ de comadres...!É ciência, um acolhimento ao paciente que está com uma dor psíquica, muitas vezes pior que a dor física e quem não percebe isso está por fora do desenvolvimento da psicoterapia nos últimos cento e poucos anos. Conversar com amigos, por exemplo, não é um atendimento profissional, com objetivos específicos; naturalmente pode ajudar em outro nível, pois trocar idéias é importante e saudável, mas não é terapia!
Qual a importância em se tratar? O que pode mudar na vida de uma pessoa quando ela resolve procurar ajuda profissional? Ela consegue mudar ? Ela consegue se livrar do sofrimento pelo qual ela pediu ajuda? Vamos pensar nisso juntos. O importante nestas questões é que ela queira e possa se ajudar, pois o terapeuta apenas facilita o processo, com sua postura neutra (por não ser alguém da família ou amigo íntimo) e assim, o paciente pode tentar ver suas coisas sem um julgamento, através de uma pessoa que está distanciada do seu meio e que pode enxergar diferente dele.

(Artigo publiaco no Jornal Destaque de Esteio, RS, em 2002)

Emagrecimento Saudável

Rita Daniela Bruni Nunes*



Quando pensamos em emagrecimento, o que vem à sua cabeça? Um corpo perfeito e magro, uma vida ótima, uma aparência de ser linda como Gisele Bündchen...? Para completar, gostaríamos de tudo rápido e fácil, como num piscar de olhos, através de dietas milagrosas e extremamente hipocalóricas de todos os tipos.
Podemos notar que nosso mundo é muito veloz e que vivemos numa sociedade onde tudo é “para ontem”, não havendo espaços para o esperar. Isso coloca-nos na posição de uma busca imediatista pelo sucesso, o que pode ser uma ilusão.
Afinal, o que funciona então? Na Reeducação Alimentar - que é um processo que visa o emagrecimento como uma forma diferenciada de ficarmos de bem conosco mesmos e que funciona como uma prevenção de doenças e manutenção da nossa saúde - existe a quebra de um paradigma: o abrir mão de uma solução mágica muito oferecida pela mídia e partir para uma nova educação. O caminho seria tomar as rédeas de nossa alimentação e dos cuidados com nosso corpo sem aderir às pretensas fórmulas mágicas. Isso se dá através de um plano alimentar, novos hábitos e um equilíbrio dos nutrientes da dieta, podendo-se comer praticamente de tudo, com moderação e prazer. Percebemos que não é algo fácil, mas uma nova forma de lidar com a comida, implicando num processo de mudança - o que pode gerar angústia, por ser algo desconhecido e novo. A Psicologia/ Psiquiatria, a Nutrição e a Educação Física são as áreas da saúde que muito podem ajudar nesta busca por um sucesso nem tão imediato, quiçá duradouro.
É importante lembrar que ter um corpo mais esteticamente bonito e saudável pode também auxiliar a nossa saúde mental, levantando nosso astral, por exemplo. Sabe-se, no entanto, que nem todos nossos problemas terão chegado a um final apenas por termos alcançado o objetivo do emagrecimento! Talvez estejamos- isto sim- com mais disposição à enfrentar os desafios diários: a manutenção do sucesso.

(Artiguito publicado no jornalzinho Tudo Perto, em 2002)
PS: Sim, eu estava mais magra!!! Hahaha

EU QUERO O AMOR

*Rita Daniela Bruni Nunes


Eu quero o Amor. Sabe, aquele tipo de romance no qual tudo que tu consegues pensar é na pessoa amada. Idealizada, sendo mais realista. Não quero acabar caindo das nuvens, mas existe sentimento mais gostoso que uma ‘apaixonite’ aguda? Talvez ser mãe, mas é diferente, porque ser mãe é uma esperança de continuidade tua e de amor quase inabalável, já ser tomada de paixão é deixar-se levar por uma loucura momentânea (assim espera-se, já que sabemos que paixões não duram mais do que 3 anos).

Não sei se quero o Amor agora. O momento de solidão também é apropriado para nosso crescimento pessoal, se sabemos aproveitá-lo.Quero poder me curtir mais, me conhecer melhor, me aproximar mais de mim... e de simples esta tarefa não tem muito.
O que me consola é que apaixonar-se por si é uma situação que não tem malefícios: o investimento é em si mesma, oras! E eles percebem, ah se percebem! Se acreditamos em Inconsciente, minimamente, podemos tentar captar o quanto as pessoas ao nosso redor sentem quando estamos entregues “na nossa”. Ou o quanto estamos nos valorizando ou dando de atenção a este ou aquele sujeito. E engraçado: como a gente agrada quando se está bem! Antes de querer o amor do outro, eu quero o meu Amor. Tenho certeza que esta é a melhor aplicação a ser feita nesses momentos de check-ups. Depois, que Ele venha, com toda a força, com toda a emoção, com sinceridade e espontaneidade. Estarei pronta? Não sei, nunca sabemos bem, mas como diz um amado amigo, “Tu não precisas saber, mas deves sentir”.

Sinto que quero, algum dia, saber mais sobre esse-tal-de-Amor. Que o cupido saiba minha hora.

(Escrito em 03/10/2006)

O coração em alta


O Dia dos Namorados está chegando...
E apesar deste tipo de data satisfazer o comércio, este dia acaba mexendo com as pessoas, nem que seja apenas para olhar vitrines de lojas com o objetivo de presentear bem o amado ou amada.
Os casais, nesta época, podem ficar mais pensativos à respeito de seu relacionamento ou quais aspectos do namoro ou casamento estão legais ou não. E se não, é saudável refletir se isto seria uma fase ou realmente a situação complicada vem se estendendo por mais tempo. Temos que lembrar que uma relação nunca é totalmente estável: pode estar estável por algum tempo, isto é, não devemos esquecer que qualquer espécie de relacionamento é dinâmico. Um dia o casal pode estar bem e no outro já pode não estar da mesma forma...
É interessante notar o que não está bem e tentar ir atrás disso, conversando com o companheiro e trocando idéias para resolver problemas ou simplesmente renovar a relação.
Alguns solteiros também ficam mais reflexivos, pensando nas dificuldades dos antigos relacionamentos ou imaginando o tipo de pessoa que deseja encontrar. Hoje já há muitos solteiros que deixaram de ser comprometidos por decidirem que preferiam estar sozinhos do que mal acompanhados e a sociedade tem sido mais aberta para este tipo de comportamento, facilitando que as pessoas fiquem juntas porque se gostam e não porque se suportam ou estão acomodadas.
Que presente dar? Uma surpresa? Prestar atenção no que ele ou ela gosta é um bom começo e há mais chances de acertar na escolha quando sabemos a cor preferida, o tamanho da roupa, o gosto da pessoa querida. Festa, cineminha, comemoração à dois ou jantar romântico? Não importa se solteiro ou comprometido, mas que se faça o que estiver com vontade, ouvindo ao menos um pouco os nossos corações!

A PSICOLOGIA NA ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR: A TAREFA E O PAPEL

(Texto publicado no O ESPADIM da APM de Porto Alegre, em 2001, da época do meu estágio curricular de Psicologia Escolar)

A principal tarefa da psicologia escolar , isto é, do Serviço de Orientação e Acompanhamento Psicológico ( SOAP) na APM é o acompanhamento das turmas e dos alunos. Esse acompanhamento tem como maior objetivo o trabalho com a identidade funcional dos alunos.
No CBA ( Curso Básico de Administradores ) os alunos eram sargentos (geralmente com média de 16, 18 anos de BM) e vão se tornar tenentes (oficiais e não mais praças, como começaram sua carreira). Como tenentes vão, muitas vezes, liderar suas tropas em algumas localidades, já em outras haverão oficiais superiores (capitães, majores, etc. ). Irão, a partir de então, tornar-se gerenciadores, planejadores de estratégias, de projetos para a comunidade visando o melhor para a sociedade. Não mais sargentos, onde estavam sempre presentes na execução desses projetos, por exemplo. Essa identidade profissional deve ser trabalhada, senão há a possibilidade de se perder um bom sargento e se ganhar um mau tenente. Esse é o foco do Grupo Operativo nessas turmas de CBA.
Faz parte da tarefa da Psicologia o entendimento com os instrutores e professores da APM. O serviço de psicologia pode despertar ansiedades e resistências na população da instituição. Bleger (1984) coloca que o psicólogo deve saber que sua participação numa instituição promove ansiedades de tipos e graus diferentes e que o manejo das resistências forma parte sempre de sua tarefa. E também devemos contar com essas resistências ainda na parte ou setor da instituição que promove ou alenta sua contratação ou inclusão. O mesmo autor indica, ainda como um objetivo do psicólogo, que, além da psico-higiene, necessitamos muito da investigação, pois o movimento espontâneo de uma comunidade _ entende-se por “comunidade” a comunidade da APM _ sabe mais que todos os nossos conhecimentos atuais e que, sendo assim, o acesso de um psicólogo a uma comunidade objetiva o estudo de sua estrutura, sua organização, seus problemas, sua forma de viver, das normas que a regem, suas necessidades e a maneira de satisfazê-las. Pensa-se que, mesmo na psicologia escolar, devemos saber o que está acontecendo dentro da instituição, mas mais trabalhamos com os alunos e professores. Usando um conceito da teoria da Gestalt, os alunos e professores seriam a figura e a instituição, o fundo: isto é, a instituição é importante mas o foco são os alunos e também os instrutores.
O psicólogo escolar deve ser um agente de mudança dentro da instituição “ Escola” , conscientizando o papel de cada um. Dessa forma, trabalhamos com Grupos Operativos com alunos, para que tenham momentos quinzenais ou semanais de reflexão e discussão nos grupos à respeito de seu papel e sua instituição. A técnica de Grupos Operativos, segundo o iniciador Pichón-Rivière (apud Bleger, 1995, p55), é definida como “um conjunto de pessoas com um objetivo comum que procuram abordar trabalhando como equipe.” Sobre a identidade funcional, que é o foco dos Grupos Operativos que fazemos na APM, buscamos conversar com os alunos como sentem as dificuldades da sua profissão e tenta-se facilitar a reflexão de estratégias para abordar desadaptações ou situações momentâneas. Outras, mais profundas ou ligadas mais a uma estruturação são encaminhadas à atendimentos psicoterápicos clínicos. O que muita gente não sabe é que a psicoterapia também serve como uma forma de auto-conhecimento e , a partir do momento que o indivíduo se conhece melhor, sabe suas maiores fragilidades, sentimentos em relação à situações ou pessoas, ele administra um melhor comportamento e torna-se mais adaptado e feliz.
Nosso papel está ligado ao atendimento das turmas, alunos e professores, grupal ou individualmente, principalmente em relação a seus papéis, identidade funcional e também às suas angústias, ansiedades e dificuldades pessoais. A maioria dos alunos vêm do interior e deixa sua família durante a semana, voltando apenas nos fins-de-semana. Isso causa uma série de sentimentos tais como culpa e tristeza. Esse tipo de angústia geralmente aparece nas turmas, tanto de soldados como de tenentes.
Shertzer e Stone (apud Ferreira, 1987) sugerem que o psicólogo escolar atue com alunos como psicoterapeuta individual e de grupo e atenda consultas de docentes, pais e especialistas da Escola, atuando como consultor de saúde mental.
É importantíssimo esclarecer aos alunos o conceito de Psicologia, o que faz a Psicologia, para que serve e como podemos ajudar. Além de informar, podemos tentar mostrar que cada profissão tem seu limite e que não somos especialistas em tudo. É dever do Comandante de uma tropa saber, sentir e perceber se, por exemplo, existir alguém não está legal, perceber se há algum sintoma na pessoa e isso deve ser encaminhado por ele _ Comandante _ para tratamento especializado. O aluno tenente deve ter sensibilidade para apurar tais fatos, já que será o planejador , o gerenciador da unidade. Essa responsabilidade, de fato, vai aumentar no momento em que se formarem tenentes.
Isso tudo mexe com a onipotência que os policiais têm e desenvolvem, pois na hora de defender um civil, precisam acreditar que são bons e que vão conseguir atingir seus objetivos ( prender o ladrão e manterem-se vivos, por exemplo). Zimerman comenta que

“ a importância dos mecanismos de defesa pode ser medida pelo
fato de que a modalidade e o grau do seu emprego diante da ansiedades é que vão determinar a natureza da formação – normalidade ou patologia – das distintas estruturações psíquicas.”
( 2000: 120)

Por serem defensores do bem-estar da sociedade, os policiais correm diversos riscos se expondo a uma variedade de perigos e com isso desenvolvem e utilizam-se de defesas para conter seus medos e ansiedades. Becker (apud Morgan, 1996) relata que, quando considerados a partir de uma perspectiva da nossa morte iminente, os artefatos da cultura podem ser compreendidos como sistemas de defesas que auxiliam a criar a ilusão de que somos maiores e mais poderosos do que na realidade o somos.
A Psicologia é uma ciência que mexe com o abstrato, portanto, não trabalha como uma ferida cheia de sangue que precisa ser fechada naquele momento por um médico num pronto socorro. A Psicologia estuda o comportamento humano e também trata da dor, porém a dor psíquica, que não dói menos, no entanto vem cheia de preconceitos por não ser visível. Muitos deixam de procurar ajuda por vergonha, ou preconceito, por medo de serem taxados como loucos ou outros adjetivos afins. E estou falando em qualidade de vida: quando não estamos nos sentindo bem, emocionalmente, por que não procurarmos ajuda? Sejamos humildes: não é possível que ninguém passe nunca por algum período mais crítico, mais complicado, uma situação como separação, viuvez, adolescência de filhos, dentro outros tantos problemas que acontecem tão comumente em nossas vidas e não se sinta mais triste.
Até pode ser que seja mais necessário um posto com acompanhamento e atendimento psicológico “na rua”, entretanto, se grande parte dos alunos não sabe usar o serviço na própria Academia , não o saberão também fora dela. Precisa-se , urgentemente, desmistificar a Psicologia de uma “ciência de e para loucos” , mas sim procurar ver a sala da Psicologia ou um atendimento psicoterápico qualquer como um lugar e uma pessoa que estão ali para dar um bom suporte pessoal, que terá como provável conseqüência um “deslanchar” profissional. Afinal, é difícil encontrar um profissional que esteja bem se sua vida pessoal não está.

Quer romance?


Sim.
Com direito a amor à primeira vista e beijo sabor vinho
Olhares profundos, além de curiosos
Os sentidos sentindo cada detalhe: o gosto do lábio, o perfume do homem
Romance que nem no livro, no qual o príncipe jamais se transforma no sapo
No mundo da fantasia, nosso homem jamais prefere olhar para o lado: os olhos são apenas centrados em ti
Ele não erra: tu és a escolhida.

Infelizmente não para sempre, não para todos os segundos da vida dele...
Mas a gente não precisa saber disso.

Seguimos na ilusão gostosa (enquanto possível)
De sermos assim....
Plenas
Para ele.

Isso ainda existe (preciso acreditar).
Preciso crer que meu príncipe vai me encontrar
E que eu não hesitarei em partir com ele. Só com ele.

Ainda quero romance. E me entrego.

EU RIO SOZINHA


Escrita em 02/05/06

Pode soar estranho foneticamente e na compreensão, mas é isso mesmo: eu rio sozinha, dou gargalhadas às vezes. Acho que tudo começou com minhas duas amigas loucas do intercâmbio, já que não tínhamos muito mais a fazer do que estudar American History ou fazer festinhas na beira do lago em Arkansas (adolescentes nos Estados Unidos não têm muito a fazer, então tentávamos ser o mais criativas possíveis, o que inspirou muito nossa imaginação). Também tenho sido bem estimulada na Arte do Riso Solitário quando leio 02 Neuronio (todo mundo sabe que sou fã delas, está até no meu orkut) ou quando vejo situações um tanto esquisitas na rua ou lembro de alguns papos no MSN. Mas pensemos: se a gente chora sozinho, que mal há em rir da mesma forma?
Sinto-me meio estúpida escrevendo isso. Não sei muito o porquê, já que rir faz bem à saúde; é até senso comum. Talvez seja por isso que a autora aqui se considere bem-humorada de forma geral (por isso não, mas deve ajudar né, tipo, quanto mais se ri, mais se segue rindo? Um viciozinho inconsciente??).
Enfim, quem de nós já não se pegou rindo sozinha que atire a primeira olhada nesta pobre psicóloga que vos escreve!! Bom, só se a pessoa for muito séria, ou muito triste, ou doente mesmo (neste último caso, que ninguém nunca quer se encaixar, ou mesmo nos dois anteriores, vá buscar uma boa psicoterapia!). Permitir-se divertir é o pré-básico do riso. E pessoas com muitas dificuldades emocionais não conseguem isso, pois devem estar infelizes. Soltem-se, soltem-se... e riam! Soltar-se e rir solitas então é o auge do sucesso pessoal! É superior. É divino. É uma arte em desenvolvimento (é a arte do estar de bem consigo mesma).
A autora confessa que fez um upgrade no show do Sebastian Bach&Friends em Porto Alegre (ei, o ex-vocal do Skid Row!). Riu e chorou e gritou e riu de novo. Sozinha-sozinha-sozinha. O insight veio depois, junto com o sentimento de superar barreiras;claro, contei à minha analista né:"sim, sozinha... a única de unhas vermelhas e sandálias, possivelmente...não, nem o namorado nem as amigas quiseram acompanhar..."). E me senti uma adolescente novamente.Talvez tenha sido por isso que ri e chorei tanto, importando-me mais com minhas emoções do que com o que os outros pensariam de mim: adolescentes estão mais perto de si mesmos do que adultos, já que suas personalidades estão sendo formadas. E nós adultos por vezes nos esquecemos de nossas essências...de nossas emoções...e de expressá-las (CUIDADO: isso pode causar neuroses complexas). Resumo: dizem que não podemos esquecer de nossa criança interior, quem dirá de nosso adolescente (que muitas vezes está reprimidíssimo ainda)...
PS: A autora confessa ainda que extrapolou nesse show (e completamente sóbria). Ela pensou quando chegou: "sinaizinhos de rock eu não vou fazerrr........." e, no final, estava emocionada junto com o povo ( VER 'SERÁ QUE ELE É?' e foto ao lado, opss, ela também foi ao hotel dar uma de tiete,à convite da banda -chiquérrimaaa- com amigas passantes que fez no final do show). Nem toda diversão demanda pretês...

APRENDA VOCÊ TAMBÉM A DOMINAR A ARTE DO RISO SOLITÁRIO:

a) Pare para respirar pelo menos uma ou duas vezes por dia, de forma profunda e consciente. Inspire, e solte né. Isso deverá deixá-la mais relaxada.
b) O passo seguinte é arranjar um tempo (nem que seja rápido, alguns minutos) ao ócio. Vagabundear faz bem à saúde também! (Foi num feriado sem namorar que fiz esta crônica e me senti produtiva!)
c) Aprendi no teatro que é importante pensarmos em coisas que acreditamos serem engraçadas. Uma elefoa bailarina de sainha rosa-bebê funcionou no meu caso (eu precisava dar uma gargalhada e eu era uma bruxa má!), principalmente quando transportei essa imagem ao meu rolinho da época(não preciso dizer que eu estava um pouco brava com o rapazinho...). Lembre de situações que te fizeram rir sem parar.
d) Não adiantou? Como boa psicoterapeuta, além de metida à cronista, preciso te encaminhar à uma avaliação psicoterapêutica. Busque ajuda competente e diga: "um de meus sintomas é que não consigo rir". E vá atrás da graça da tua vida!

RITADANIELAONLINE

Bom dia!!!!!!!! Este é meu blog, sejam bem-vindos!

Aqui pretendo colocar um pouco de tudo, para que os amigos possam me acompanhar! Super beijo!