terça-feira, 22 de abril de 2008

Está chegando a hora do bebê ficar mais longe da mãe ... e agora?

Está chegando a hora do bebê ficar mais longe da mãe ... e agora?

RitaDaniela Bruni Nunes*

Aí está o bebê: sendo amamentado e cuidado com todo carinho pelos pais- principalmente pela mãe. Com a entrada da mulher no campo de trabalho, cada vez mais é uma minoria de mães que pode estar a maior parte do tempo com seus pequeninos, o que era considerado o ideal . E então, como prosseguir frente aos novos tempos?
Podemos pensar que há mães muito diferentes. Mães que são profissionais mas que gostam de cuidar elas mesmas de seus filhos, mães que não querem deixar de trabalhar nem nos primeiros meses, mães que não conseguem desgrudar de seus filhos, mães que poderiam ter uma babá mas não querem, mães que gostam de ser mães e mães que odeiam ser mães, ou por momentos ou a maior parte do tempo. O que podemos deixar bem claro é que cada mãe é única e que não há uma receita de bolo de “como ser a mãe ideal”. Toda situação depende de cada família, de cada bebê.
Quando chega o momento da mãe (ou sua substituta- vó, tia) voltar a trabalhar, por exemplo, podemos refletir como cada família pensa fazer para se reestrurar em relação às formas de cuidar desse bebê. Sabemos que este é um momento delicado e fundamental tanto da vida do bebê quanto da mãe, que está ( e precisa estar) identificada com seu filhote, até para saber que choro é o quê, ou se aquele olhar é de carinho ou de brabeza, isto é, para poder compreender seu filho.
Um primeiro aspecto a ser levado em consideração é que a família veja como se sente mais segura: se é deixando o filho numa creche, ou com uma cuidadora (babá), ou com um parente próximo que esteja com vontade de cuidar dessa criança, enfim, o importante é que a família acredite que a criança ficará bem nesse lugar e com a pessoa escolhida. Alguns visitam a creche, outros entrevistam babás, vêem a disponibilidade e conversam com as avós, ou vizinhas, ou tias. Não devemos descuidar das condições do lugar ou da pessoa que irão cuidar dos nossos fihos. É claro também que as condições ideais que os pais esperam nunca serão perfeitas para muitos, entretanto, de novo: o “perfeito” é que a família esteja tranqüila para escolher a solução do que está achando melhor para aquele bebê, naquele momento.
Uma mãe insatisfeita por não estar podendo voltar a trabalhar por causa dos cuidados dispensados ao seu filho não é uma mãe feliz e, assim, não está sendo uma boa mãe se deixa de fazer muitas coisas que lhe agrada para ficar com seu bebê somente para não se sentir culpada.Ela pode limpar, alimentar, mas não estar fazendo trocas afetivas com ele, o que é essencial para o desenvolvimento do bebezinho. Se essa mãe ficasse mais satisfeita trabalhando um turno fora, provavelmente ela passaria esse bem-estar ao estar com seu bebê. Cada mãe tem uma necessidade maior ou menor de estar com seu filho e seus sentimentos bons e ruins em relação à eles fazem parte do funcionamento normal das mães e, muitas vezes, não significa que elas ou apenas amem ou odeiem seus filhos.
Por outro lado, não podemos nos esquecer que o cuidado e o carinho dispensado pelas mães é essencial para a saúde física e psíquica dos seus filhos. Alguns autores sugerem que as mães deveriam cuidar de seus filhos até os 3 anos e só depois é que as crianças poderiam ir para as creches. Hoje já ouros estudos sobre o tema que discordam disso. Nossa realidade também é outra, já que se as mulheres não voltarem em alguns meses aos seus empregos, há a possibilidade de ficarem sem eles. E isso, em geral, não parece ser um fator positivo dentro das famílias e ou para elas mesmas.
Outros dizem que se a hora da mãe se separar mais da criança chegou, deve-se pensar em fazer isso até os 7 meses ou após ter feito 1 ano e meio. Porém, a idade em si não é tão relevante como realmente aquilo que vem sendo dito aqui desde o início: se a família estiver tranqüila quanto à decisão, a criança provavelmente estará em melhores condições emocionais de se adaptar ao seu novo ambiente e ou às novas pessoas –que não serão sua mãe- mas que estarão ali com ela, bem como os pais estarão mais seguros enquanto fazem suas atividades. E se criança tem a possibilidade de se desgrudar aos poucos da mãe (e a mãe dela), isso facilita no processo social da sua vida: ela pode estar perdendo a mãe antes “exclusiva” dela, porém ganhando um outro mundo com outras pessoas e esse é o primeiro passo em direção à sua vida própria, afinal, ela começará a traçar mais fundo uma estória diferente da estória da mãe a partir deste momento.

*Publicado como Parte I e Parte II (em duas edições) do Jornal Destaque de Esteio, julho de 2003.

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