terça-feira, 22 de abril de 2008

Breve comparação entre os pensamentos de Holanda, Freyre e Cunha em relação às origens brasileiras

Breve comparação entre os pensamentos de Holanda, Freyre e Cunha em relação às origens
brasileiras




Em relação à cultura ibérica e da adaptação ao Brasil, Holanda acreditava que essa (a cultura ibérica) era justamente a razão pelo atraso do nosso país, já que tanto espanhóis quanto portugueses eram aventureiros, não “paravam” na terra, não “plantavam para colher”. Eram povos individualistas.
Freyre (Freyre, 1963) era incentivador em relação à miscigenação das três raças , acreditava que da mistura iria sair um povo mais completo, melhor. Os portugueses até assimilaram hábitos novos, se adaptando razoavelmente bem, até mesmo na alimentação e em relação às mulheres mulatas (a sensualidade da mulher negra ajudou na mistura de raças). Já Cunha acreditava que a miscigenação traria problemas, já que mesmo ele achando o sertanejo (índio com branco dos sertões) uma mistura que seria forte, um homem mais forte fisicamente, Cunha dizia que a raça branca era a raça desenvolvida, mais evoluída, e que a mistura seria um retrocesso, pois o mestiço sairia mais frágil e submisso.
Cunha acreditava que a “preguiça” do negro, do mestiço, era herdada também geneticamente e que o brasileiro na tinha um tipo antropológico (Cunha, 2002, p. 92). Contudo, Freyre acreditava que a mistura era boa para o país e que havia dado certo tal miscigenação, o que resgatou um certo orgulho à identidade brasileira. Freyre também retirou a idéia de que seríamos um país atrasado por causa das razões biológicas e hereditárias (Holanda achava que éramos como os ibéricos –aventureiros). Cunha afirmava também que o clima e a posição geográfica influenciava muito no atraso ou desenvolvimento do povo, porém Freyre acreditava que os portugueses havia obtido sucesso em sua adaptação ao clima tropical, já que Portugal não era tão frio quanto outros países europeus.
Holanda dizia que a culpa por nosso atraso também seria de Portugal porque nossos antepassados portugueses não teriam nos deixado uma “moral de trabalho”, sendo por essa razão que o povo brasileiro não seria um povo confiável em relação à regras e isso nos atrapalharia , até então, na nossa necessidade em nos desenvolvermos enquanto povo brasileiro. Daí viria a nossa aversão à princípios rígidos, acomodando nossas situações e necessidades tal qual demonstra o “homem cordial” (Holanda, 1978).

(PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL, DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS, cadeira de LEITURAS SOCIOLÓGICAS DE BRASIL, maio de 2002)

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